"Poesia é a mais alta criação humana. Só tem equivalente na música..."
Eduardo Lourenço



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Se um dia...

Se te desse um dia o meu sorriso... Levavas contigo e escondias num sonho teu? Leva, guarda-o. Abraça-o quando for preciso. Se te desse um dia um sonho meu... Levavas contigo e escondias no teu sorriso? Leva, guarda-o. Esconde-o onde mais ninguém chega. Leva, guarda-o. Esconde-o num lugar teu.



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Do outro lado...

Vi, ao fundo, a desilusão e escondi-me. Tropecei na vontade de chorar e atirei-a para o lado. Vi, do outro lado do espelho, o coração a apertar, mas virei costas e fui embora... No outro dia, quando acordei, a desilusão continuava lá, no mesmo canto, junto da agonia e da mágoa. A vontade de chorar já sabia onde morava e agora visitava-me com mais força. E o coração esse, de tão apertado que estava, decidiu dar à desilusão fio condutor e à vontade de chorar porto de abrigo. Mas se um dia me desiludi e chorei com força, hoje sei onde mora a vontade de sorrir. Esconde-se do lado de lá da mágoa, nesse lugar onde chegam os que não têm medo...




segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Não estava ninguém, ali...

Não estava ninguém, ali. O mar e o vento evidenciavam-se, para quem os quisesse ouvir... Mas, olhei à volta... E não, não estava ninguém, ali. E o mar e o vento continuavam... Dançavam, despreocupadamente. Mas ninguém via... Abraçavam-se, num abraço forte... Mas ninguém sentia... Corriam, saltavam, fugiam... Mas ninguém os seguia... E o mar e o vento continuavam... Caminhavam... Prosseguiam... Mas talvez um para o outro, não para quem os ouvia... Talvez os dois, nessa soma, não para quem os queria...




sábado, 6 de fevereiro de 2010

Branco...

Há um momento decisivo no branco de uma página... Há um compasso de espera, que espera pelo compasso da escrita e do pensamento. Há um momento decisivo que não se decide. Porque é a criatividade que dita as regras, a vontade que as escolhe e o pensamento que as conduz. Há um momento decisivo no branco de uma página... Mas a liberdade do branco é essa. Um vazio que ganha no compasso da escrita, a vontade de crescer ao sabor de um pensamento que vive livre. Um vazio que ganha corpo de uma espera que já não espera mais...



terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Não te vi...

Não te vi quando estavas do meu lado enquanto chorava por alguém. Não te vi quando me dizias que tudo iria ficar bem. Não te vi quando me amparavas uma queda. Não te vi quando me lisonjeavas. Não te vi quando me abraçavas. Não te vi quando me dizias serenamente que o caminho não era aquele, pegavas na minha mão e me conduzias pelo caminho certo. Não te vi quando sorrias e me dizias porquê. Nem sequer te vi quando sorria para ti. Vejo-te agora, porque te sinto. Sinto-te agora, porque não te vejo...