"Poesia é a mais alta criação humana. Só tem equivalente na música..."
Eduardo Lourenço



domingo, 31 de janeiro de 2010

Tenho saudades vossas...

Lembro-me dos meus avós... Da forma como orgulhosamente sorriam, das histórias que destemidamente contavam e dessa forma orgulhosa e destemida com que olhavam para trás. Vivi-os, totalmente, na altura, e vivo-os hoje na totalidade dessas minhas lembranças. Porque não vejo o brilho daquele olhar quando o busco... Não toco o carinho daquelas mãos enrugadas, quando sinto que vou cair... E não oiço as histórias que ouvia, quando em frente deles me sentava... Mas sinto o coração aconchegado quando ele aperta. Tenho saudades vossas, mas o que sinto ultrapassa as lembranças. O que sinto é do mundo das coisas que a vida não leva.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Deixa-me rir...

O diálogo tem um 'quê' de orgânico: nasce, desenvolve-se e leva-nos por caminhos inesperados. Apetecíveis, umas vezes... Outras menos apetecíveis, mas, de certa forma, incontornáveis. Porque, na realidade, o diálogo parece ter vontade própria. E hoje foi assim: apetecível e incontornável. Depois de um dia de trabalho, em que apetecia tudo menos rir - porque os dias de trabalho também parecem ter esse efeito incontornável - foi a rir que acabou aquela conversa. E de repente o diálogo transportava aquelas duas pessoas para outro lugar, outro tempo e espaço. Talvez porque o diálogo se apodera da palavra e a palavra tem esse efeito... Mas foi a rir que acabou o dia... E soube tão bem!




domingo, 24 de janeiro de 2010

O tempo passou por mim...

Corri para apanhar o tempo, mas não percebi que foi o tempo que passou por mim... Sem pressa... Passou, porque o tempo é mesmo assim... Vai, sem aviso, mas nunca vem. Corri para apanhar o tempo, mas não percebi que enquanto corria, ele fugia... Fugia, porque o tempo é mesmo assim... Foge, sem aviso, mas não se esconde... O tempo está mesmo ali, no tempo certo. Mas não se quer colhido, quer-se vivido.